Afinal, “que país é este?”, de fato o Brasil não é um país sério. Nós merecemos os políticos que temos, os representantes que elegemos para nos representar são, na verdade, reflexos de nós mesmos.
Um povo que vota num Tiririca da vida merece se ferrar, nós somos os palhaços e o Circo está armado, o picadeiro maior é aqui em Brasília - o Congresso Nacional. Sarney segue agarrado ao poder até a morte, os “Maluf´s” e “Garotinhos” seguem assombrando a Política mesmo após denúncias provadas e comprovadas à exaustão, cujas evidências saltam aos olhos de qualquer imbecil, mesmo daqueles que não querem enxergar o que não se pode mais negar.
Político corrupto merece a morte (política), pena perpétua de exílio político no próprio país. Deve ser execrado e definitivamente extirpado, expulso da vida política, com a penalidade máxima da inelegibilidade sem prazo, sem perdão, sem volta. Vejam o Collor, voltou Senador, por cima, rindo da nossa cara... E tem mais é que rir mesmo! Por sorte (dos próprios alagoanos) não foi eleito governador de seu Estado neste último pleito.
Não honrou o voto de confiança dos eleitores, não merece nunca mais ter a oportunidade sequer de se candidatar a um cargo, por uma questão simples, mas essencial para sobrevivência de um Estado Democrático de Direito: a moralidade, a lisura no exercício do cargo público. Temos que limpar a Política, chega! Até quando vamos agüentar quietos, passivos?
Quando eu penso que já vi de tudo em matéria de abuso do poder político, de safadeza, de falta de escrúpulos e de vergonha na cara, eles surpreendem na canalhice!
Como todos já devem ter conhecimento, os nossos Deputados Federais aprovaram o aumento do próprio salário (cerca de 60%), num país que tem o salário mínimo pouco maior que quinhentos reais e onde os professores da rede pública recebem de modo indigno, sem falar no restante da população que segue desempregada e desamparada pelo Poder Público.
Não critico o reajuste do salário do Presidente da República porque embora bem superior em termos percentuais (cerca de 140%, maior uma vez que o salário era menor do que os dos Deputados), pois me parece razoável e justo que ele receba o teto do funcionalismo público federal, afinal exerce o cargo de mais alta hierarquia no Poder Executivo do país. Injustificável o fato de receber menos que um Deputado. Tampouco critico o aumento dos salários dos Ministros de Estado, mas poderia haver algum bom senso na graduação e proporcionalidade entre os salários e seus respectivos cargos.
Convenhamos que dezesseis mil reais já era um salário mais do que “bom” para um Deputado...Sem contar a tal verba indenizatória (pasmem: de quinze mil reais!) que agrega a sua remuneração e eleva em muito seus ganhos mensais.
Parece piada, mas eles recebem uma cota anual de passagem aérea extra (além daquela para visitar periodicamente as suas “Bases Eleitorais” nos Estados de origem) para o Rio de Janeiro até hoje e sabem por quê? Porque há mais de 50 anos atrás a sede do Governo Federal, a capital federal era lá... Dá pra acreditar nisto? Pois é, acredite se quiser, mas é verdade!
E como eles ainda têm a coragem de discursar sobre falta de dinheiro para saúde, a fim de lamentar o fim e justificar o retorno da CPMF? Uma contribuição provisória que se tornou permanente e que nunca logrou melhorias na qualidade do serviço de saúde do nosso país.
O pior é que este aumento que elevou o salário de todos no Congresso para vinte e seis mil reais terá um efeito cascata em todos os parlamentos estaduais e municipais, pois esses seguem o paradigma federal.
A chave do cofre do povo, para onde vai todo o nosso dinheiro, está nas mãos destes canalhas, que em poucos MINUTOS, no apagar das luzes do ano que finda, às vésperas do Natal, nos deram este belo presente. Aprovaram rapidamente nas duas Casas Legislativas a proposta de lei que aumentou consideravelmente e no patamar máximo os seus próprios salários. Nós vamos pagar esta conta, mas não fomos consultados antes.
Ao eleger um candidato, estamos na verdade o “contratando” para servir aos nossos interesses (público). Nós deveríamos dar as regras e fiscalizar o seu cumprimento, minimamente que fosse. Mas é o contrário que acontece: depois de eleito, ele faz o que bem entende, esquece de onde veio, a que veio e por quem veio! Esquece tudo ou nunca foi nada diferente do que isto que se apresenta depois de ter o poder em suas mãos.
Os projetos de leis que interessam à sociedade – só para citar alguns exemplos – reforma da Previdência, reforma Tributária, reforma Política, Reajustes dos salários dos professores, dos bancários, etc. – estão há anos tramitando no Congresso sem perspectivas de votação, nunca tem quórum suficiente...
Eu imaginei que no dia seguinte ao anúncio deste aviltante aumento, as ruas seriam tomadas por inúmeros protestos da sociedade civil, principalmente nos arredores do Congresso, com faixas e passeatas de repúdio da população, indignada, horrorizada, revoltada. Um “panelaço” à moda argentina, ou algo parecido com o que nossos hermanos permanentemente fazem na Praça de Maio em frente à Casa Rosada, acampados literalmente em barracas, revezando-se em vigílias para reivindicar algum direito que lhes fora negado ou restringido. Nem que seja simplesmente para desabafar ou deixar bem claro àqueles que colocamos lá, que não somos tão burros e estúpidos como parece e que não estamos todos mortos, que resta ainda um resquício de honra, de moral e de dignidade no âmago da Nação Brasileira.
Mariana L. de L. Carneiro.
“Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse? (...)”
“(...)
Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo (...)”