quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A felicidade, por Clarice Lispector.

“Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.”

Clarice Lispector

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Afinal, que país é este? (sobre o aumento dos salários dos Deputados Federais).

Afinal, “que país é este?”, de fato o Brasil não é um país sério. Nós merecemos os políticos que temos, os representantes que elegemos para nos representar são, na verdade, reflexos de nós mesmos.

Um povo que vota num Tiririca da vida merece se ferrar, nós somos os palhaços e o Circo está armado, o picadeiro maior é aqui em Brasília - o Congresso Nacional. Sarney segue agarrado ao poder até a morte, os “Maluf´s” e “Garotinhos” seguem assombrando a Política mesmo após denúncias provadas e comprovadas à exaustão, cujas evidências saltam aos olhos de qualquer imbecil, mesmo daqueles que não querem enxergar o que não se pode mais negar.

Político corrupto merece a morte (política), pena perpétua de exílio político no próprio país. Deve ser execrado e definitivamente extirpado, expulso da vida política, com a penalidade máxima da inelegibilidade sem prazo, sem perdão, sem volta. Vejam o Collor, voltou Senador, por cima, rindo da nossa cara... E tem mais é que rir mesmo! Por sorte (dos próprios alagoanos) não foi eleito governador de seu Estado neste último pleito.

Não honrou o voto de confiança dos eleitores, não merece nunca mais ter a oportunidade sequer de se candidatar a um cargo, por uma questão simples, mas essencial para sobrevivência de um Estado Democrático de Direito: a moralidade, a lisura no exercício do cargo público. Temos que limpar a Política, chega! Até quando vamos agüentar quietos, passivos?

Quando eu penso que já vi de tudo em matéria de abuso do poder político, de safadeza, de falta de escrúpulos e de vergonha na cara, eles surpreendem na canalhice!

Como todos já devem ter conhecimento, os nossos Deputados Federais aprovaram o aumento do próprio salário (cerca de 60%), num país que tem o salário mínimo pouco maior que quinhentos reais e onde os professores da rede pública recebem de modo indigno, sem falar no restante da população que segue desempregada e desamparada pelo Poder Público.

Não critico o reajuste do salário do Presidente da República porque embora bem superior em termos percentuais (cerca de 140%, maior uma vez que o salário era menor do que os dos Deputados), pois me parece razoável e justo que ele receba o teto do funcionalismo público federal, afinal exerce o cargo de mais alta hierarquia no Poder Executivo do país. Injustificável o fato de receber menos que um Deputado. Tampouco critico o aumento dos salários dos Ministros de Estado, mas poderia haver algum bom senso na graduação e proporcionalidade entre os salários e seus respectivos cargos.

Convenhamos que dezesseis mil reais já era um salário mais do que “bom” para um Deputado...Sem contar a tal verba indenizatória (pasmem: de quinze mil reais!) que agrega a sua remuneração e eleva em muito seus ganhos mensais.

Parece piada, mas eles recebem uma cota anual de passagem aérea extra (além daquela para visitar periodicamente as suas “Bases Eleitorais” nos Estados de origem) para o Rio de Janeiro até hoje e sabem por quê? Porque há mais de 50 anos atrás a sede do Governo Federal, a capital federal era lá... Dá pra acreditar nisto? Pois é, acredite se quiser, mas é verdade!

E como eles ainda têm a coragem de discursar sobre falta de dinheiro para saúde, a fim de lamentar o fim e justificar o retorno da CPMF? Uma contribuição provisória que se tornou permanente e que nunca logrou melhorias na qualidade do serviço de saúde do nosso país.

O pior é que este aumento que elevou o salário de todos no Congresso para vinte e seis mil reais terá um efeito cascata em todos os parlamentos estaduais e municipais, pois esses seguem o paradigma federal.

A chave do cofre do povo, para onde vai todo o nosso dinheiro, está nas mãos destes canalhas, que em poucos MINUTOS, no apagar das luzes do ano que finda, às vésperas do Natal, nos deram este belo presente. Aprovaram rapidamente nas duas Casas Legislativas a proposta de lei que aumentou consideravelmente e no patamar máximo os seus próprios salários. Nós vamos pagar esta conta, mas não fomos consultados antes.

Ao eleger um candidato, estamos na verdade o “contratando” para servir aos nossos interesses (público). Nós deveríamos dar as regras e fiscalizar o seu cumprimento, minimamente que fosse. Mas é o contrário que acontece: depois de eleito, ele faz o que bem entende, esquece de onde veio, a que veio e por quem veio! Esquece tudo ou nunca foi nada diferente do que isto que se apresenta depois de ter o poder em suas mãos.

Os projetos de leis que interessam à sociedade – só para citar alguns exemplos – reforma da Previdência, reforma Tributária, reforma Política, Reajustes dos salários dos professores, dos bancários, etc. – estão há anos tramitando no Congresso sem perspectivas de votação, nunca tem quórum suficiente...

Eu imaginei que no dia seguinte ao anúncio deste aviltante aumento, as ruas seriam tomadas por inúmeros protestos da sociedade civil, principalmente nos arredores do Congresso, com faixas e passeatas de repúdio da população, indignada, horrorizada, revoltada. Um “panelaço” à moda argentina, ou algo parecido com o que nossos hermanos permanentemente fazem na Praça de Maio em frente à Casa Rosada, acampados literalmente em barracas, revezando-se em vigílias para reivindicar algum direito que lhes fora negado ou restringido. Nem que seja simplesmente para desabafar ou deixar bem claro àqueles que colocamos lá, que não somos tão burros e estúpidos como parece e que não estamos todos mortos, que resta ainda um resquício de honra, de moral e de dignidade no âmago da Nação Brasileira.

Mariana L. de L. Carneiro.

“Nas favelas, no senado
 Sujeira pra todo lado
 Ninguém respeita a constituição
 Mas todos acreditam no futuro da nação
 Que país é esse? (...)”
 Que País É Esse, Legião Urbana, Composição: Renato Russo.
“(...)
Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo (...)”
Podres Poderes, Caetano Veloso.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cortar o tempo em anos...

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra frente... tudo vai ser diferente!

Morrer de amor

Se se morre de amor? — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro clarão,
Que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
(...)
Gonçalves Dias, "Se se morre de amor".
Escute a declamação de Juca de Oliveira, no site da Band News:
http://bandnewsfm.band.com.br/pop_audio.asp?MMS=http://www.bandnewsfm.com.br/audio/JUCA_1612.mp3&ID=401594#

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Abra, sou eu!"

De que modo se reconstruir? Como refazer em si a pesada meada de lembranças?
Aquele navio fantasma estava carregado, como os limbos, de almas para nascer. Os únicos que pareciam reais, tão reais que a gente gostaria de tocá-los com o dedo, eram os que integrados no navio e enobrecidos por verdadeiras funções, carregavam as bandejas, poliam os cobres engraxavam os sapatos e, com um vago desprezo, serviam os mortos.
Não era por causa da pobreza que a tripulação menosprezava os emigrantes. Não era dinheiro o que lhes faltava, mas densidade. Eles não eram mais o homem de tal casa, de tal amigo, de tal responsabilidade. Ninguém precisava deles, ninguém recorreria a eles.
Que maravilha o telegrama que nos excita, nos faz levantar no meio da noite, nos impele para a estação: “Venha! Preciso de você!”. Descobrimos logo amigos que nos ajudam. Merecemos lentamente os que exigem nossa ajuda. Naturalmente ninguém odiava meus emigrantes, ninguém os invejava, ninguém os importunava. Mas ninguém os amava com o único amor que tem valor. Eu dizia a mim mesmo: desde a chegada, eles serão convidados para cocktails de boas vindas, para jantares de consolação.
Mas quem baterá em suas portas exigindo ser recebido. “Abra! Sou eu!”
É preciso amamentar durante muito tempo uma criança antes que ela exija. É preciso cultivar durante muito tempo um amigo antes que ele reclame seu crédito de amizade. É preciso arruinar-se durante gerações consertando o velho castelo que se desmorona, para aprender a amá-lo”.
Este trecho foi extraído do livro cuja leitura recomendo aqui: “Lettre a un Otage” (Carta a um Refém”), de Antoine de Saint-Exupéry.
Esta passagem integrou uma bonita dedicatória dirigida a mim por um amigo especial, Dr. Aloyzio Achutti, por ocasião de minha formatura, em janeiro de 2001 e faz pensar sobre os valores éticos, morais e da importância da amizade. De fato, é um enorme privilégio poder bater na porta de um amigo dizendo “Abra, sou eu!” ou simplesmente “Venha, preciso de você!”.
Mariana, em dezembro de 2010.

domingo, 12 de dezembro de 2010

And so this is Christmas...

Happy Xmas (War Is Over)
John Lennon

So this is christmas
And what have you done
Another year over
And new one just begun

And so this is christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young

A very merry christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is christmas (war is over...)
For weak and for strong (...if you want it)
The rich and the poor one
The world is so wrong

And so happy christmas
For black and for white
For the yellow and red one
Let's stop all the fight

A very merry christmas
And a happy new year
Lets hope it's a good one
Without any fear

And so this is christmas
And what have we done
Another year over
And new one just begun...

And so happy christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young

A very merry christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear

War is over - if you want it
War is over - if you want it…

Feliz Natal
(A Guerra Acabou)

Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa

E então é natal
Espero que tenhas alegria
O próximo e querido
O velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é natal (e a guerra terminou...)
Para o fraco e para o forte (...se você quiser)
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado

E, então, feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é Natal
E o que nós fizemos?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa...

E então Feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O próximo e querido
E velho e o jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

A guerra acabou , se você quiser
A guerra acabou , se você quiser...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O indicativo e o subjuntivo.

Observe-se que o ritmo binário desta seqüência: vida e morte, corpo e alma, dia e noite, branco e preto, baixo e alto, sim e não, acentua a bipolaridade existente na essência de tudo.  O verbo como palavra tem dualidade na ação e no seu resultado. No modo indicativo, a ação ocorre no momento e gera o fato real, a certeza.  No modo subjuntivo, a ação, possível ou desejada, cria um fato irreal, a dúvida. De tal sorte que o verbo não terá sentido caso não venha subordinado a outro verbo. São, portanto, situações diferentes de tempo e conceito: “são e sejam”.  Por essa específica razão no subjuntivo o verbo é precedido de: “que, se e quando”, no presente, passado e futuro, respectivamente. Exemplo: Desejo que estude. Faria se  pudesse.  Farei quando puder. 

Na esteira desse raciocínio, a luta antifumo requer que se fale no subjuntivo, de um do fato irreal subordinado à possibilidade e ao desejo, por reformas que estruturem e dotem a saúde pública de recursos para enfrentar a pandemia do tabagismo. Como contraponto, o fato real se consolida na certeza de que o tabagismo vicia, adoece e mata!

Mesmo assim, a sociedade, complacente e desinformada, gravita em torno do discurso mentiroso das tabaqueiras, sem a menor reação pelo interesse público. Mazelas de todo o tipo são ainda admitidas impunemente, inclusive na exploração do bilingüismo, um expediente que submete o povão ao vexame de não conseguir ler nem entender seu significado.

A imprensa esportiva identificou um jogador profissional de futebol chamado “Oleude”, em reverência à marca Hollywood...De fato, nesse campo, as tabaqueiras primam pela excelência e sofisticação de se aproveitar do narcisismo da juventude fazendo lobby para evitar, a todo custo, que a coletividade conheça o que está por trás dos bastidores, a verdade!.

Ainda na memória coletiva, os motes da propaganda: “No limits” (sem limites), “Para quem sabe o que quer...”, “A decisão inteligente”, “Sua liberdade de escolha”, “Seu direito de optar” etc. Com a sutileza do tratamento na terceira pessoa as tabaqueiras transferem para o fumante a responsabilidade e o ônus pelas injúrias causadas pelo tabagismo. Aliás, esse prejuízo à saúde pública, é partilhado e pago pela sociedade, tendo em conta que o Governo, interessado nos impostos, faz vistas grossas a tudo! No balanço custo-benefício, para cada real arrecadado com impostos, são gastos três com a saúde pública. 

Backwall é um equipamento com design prático e iluminação sugestiva,  fixado na parede  ou colocado suspenso acima do caixa, em qualquer lugar que se permita vender cigarros. Não será surpresa se aparecer alguém, no meio futebolístico, com o nome de “Bequeuol”... Essa engenhoca  pretende, com uma exposição que faz a diferença, incentivar a venda e, com   visibilidade compartilhada, atrair crianças vendendo balas, doces, pirulitos, chocolates, bichos de pelúcia etc. Esse expediente, mesquinho e torpe,  explora a inocência dos menores com sugestão e propaganda subliminar associativa. 

Esses fatos estão na Revista da Philip Morris, Ano IV, nº 15, de agosto de 2006. O projeto é de Alex Reisch, diretor de vendas que trabalhou por 13 anos em quatro continentes e que atualmente aplica sua nefasta experiência no Brasil... Com isso e graças ao lobby das tabaqueiras, vende-se cigarros em padaria, bancas de jornal, casas de chá, supermercados, postos de gasolina, lojas de conveniência, ou seja, em qualquer lugar!

Para a instalação do Backwall contribuem ainda as entidades varejistas, a Fundação Getúlio Vargas, a Associação dos Supermercados, que oferecem também treinamento em Gestão de Negócio, para capacitar multiplicadores com um discurso falso: “Nosso desejo é estimular iniciativas de responsabilidade social”...Podemos juntos fazer algo para diminuir um pouco a violência, a fome e a desigualdade social”. Nesse contexto, faz-se necessário que a ANVISA fiscalize e puna, por propaganda enganosa, a marca KENT, com Triple Filter and Charcoal Technology e as outras que igualmente utilizam desse artifício.

Controle legal não se confunde com autoritarismo e repressão. “Os incomodados que se mudem”, frase ofensiva, preconceituosa e arrogante de uma minoria que ainda não conseguiu assimilar como é importante respeitar o direito coletivo e o preceito constitucional de que todos são iguais perante a lei!

Texto de autoria do Dr. Mário Albanese, Presidente da ADESF.www.adesf.org.br