Observe-se que o ritmo binário desta seqüência: vida e morte, corpo e alma, dia e noite, branco e preto, baixo e alto, sim e não, acentua a bipolaridade existente na essência de tudo. O verbo como palavra tem dualidade na ação e no seu resultado. No modo indicativo, a ação ocorre no momento e gera o fato real, a certeza. No modo subjuntivo, a ação, possível ou desejada, cria um fato irreal, a dúvida. De tal sorte que o verbo não terá sentido caso não venha subordinado a outro verbo. São, portanto, situações diferentes de tempo e conceito: “são e sejam”. Por essa específica razão no subjuntivo o verbo é precedido de: “que, se e quando”, no presente, passado e futuro, respectivamente. Exemplo: Desejo que estude. Faria se pudesse. Farei quando puder.
Na esteira desse raciocínio, a luta antifumo requer que se fale no subjuntivo, de um do fato irreal subordinado à possibilidade e ao desejo, por reformas que estruturem e dotem a saúde pública de recursos para enfrentar a pandemia do tabagismo. Como contraponto, o fato real se consolida na certeza de que o tabagismo vicia, adoece e mata!
Mesmo assim, a sociedade, complacente e desinformada, gravita em torno do discurso mentiroso das tabaqueiras, sem a menor reação pelo interesse público. Mazelas de todo o tipo são ainda admitidas impunemente, inclusive na exploração do bilingüismo, um expediente que submete o povão ao vexame de não conseguir ler nem entender seu significado.
A imprensa esportiva identificou um jogador profissional de futebol chamado “Oleude”, em reverência à marca Hollywood...De fato, nesse campo, as tabaqueiras primam pela excelência e sofisticação de se aproveitar do narcisismo da juventude fazendo lobby para evitar, a todo custo, que a coletividade conheça o que está por trás dos bastidores, a verdade!.
Ainda na memória coletiva, os motes da propaganda: “No limits” (sem limites), “Para quem sabe o que quer...”, “A decisão inteligente”, “Sua liberdade de escolha”, “Seu direito de optar” etc. Com a sutileza do tratamento na terceira pessoa as tabaqueiras transferem para o fumante a responsabilidade e o ônus pelas injúrias causadas pelo tabagismo. Aliás, esse prejuízo à saúde pública, é partilhado e pago pela sociedade, tendo em conta que o Governo, interessado nos impostos, faz vistas grossas a tudo! No balanço custo-benefício, para cada real arrecadado com impostos, são gastos três com a saúde pública.
Backwall é um equipamento com design prático e iluminação sugestiva, fixado na parede ou colocado suspenso acima do caixa, em qualquer lugar que se permita vender cigarros. Não será surpresa se aparecer alguém, no meio futebolístico, com o nome de “Bequeuol”... Essa engenhoca pretende, com uma exposição que faz a diferença, incentivar a venda e, com visibilidade compartilhada, atrair crianças vendendo balas, doces, pirulitos, chocolates, bichos de pelúcia etc. Esse expediente, mesquinho e torpe, explora a inocência dos menores com sugestão e propaganda subliminar associativa.
Esses fatos estão na Revista da Philip Morris, Ano IV, nº 15, de agosto de 2006. O projeto é de Alex Reisch, diretor de vendas que trabalhou por 13 anos em quatro continentes e que atualmente aplica sua nefasta experiência no Brasil... Com isso e graças ao lobby das tabaqueiras, vende-se cigarros em padaria, bancas de jornal, casas de chá, supermercados, postos de gasolina, lojas de conveniência, ou seja, em qualquer lugar!
Para a instalação do Backwall contribuem ainda as entidades varejistas, a Fundação Getúlio Vargas, a Associação dos Supermercados, que oferecem também treinamento em Gestão de Negócio, para capacitar multiplicadores com um discurso falso: “Nosso desejo é estimular iniciativas de responsabilidade social”... “Podemos juntos fazer algo para diminuir um pouco a violência, a fome e a desigualdade social”. Nesse contexto, faz-se necessário que a ANVISA fiscalize e puna, por propaganda enganosa, a marca KENT, com “Triple Filter and Charcoal Technology” e as outras que igualmente utilizam desse artifício.
Controle legal não se confunde com autoritarismo e repressão. “Os incomodados que se mudem”, frase ofensiva, preconceituosa e arrogante de uma minoria que ainda não conseguiu assimilar como é importante respeitar o direito coletivo e o preceito constitucional de que todos são iguais perante a lei!
Texto de autoria do Dr. Mário Albanese, Presidente da ADESF.www.adesf.org.br
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