“Aqui em cima vejo tão de perto o sol e o mar de nuvens brancas abaixo parece infinito... Admiro a beleza da vida e clamo a mim mesma que esta paz e quietude permaneçam em minha alma quando eu estiver em terra firme de novo, a enfrentar novamente o mundo, as pessoas, as minhas angústias.
Daqui tenho certeza do quão vã é a minha existência e de como perde-se o sentido real das coisas importantes lá embaixo. Nada que importa de verdade está neste mundo material, nada que se pode tocar é valioso. O que mais vale nesta vida são os sentimentos e pensamentos bons que se pode cultivar para si, pelos outros e por tudo o que há no mundo.
O amor resume tudo, sem ele somos carcaças ambulantes, pele, osso e músculos apenas, sem espírito, sem alma, estamos mortos literalmente.
O mistério da vida fascina, embriaga e entendo bem a passagem que Saramago contou no seu discurso quando recebeu o Nobel de Literatura, relembrando o que dizia sua avó, Josefa, no alto de seus noventa anos: - “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer...”.
Ao me dar conta de algo tão simples, mas essencial, lamento cada sofrimento banal, toda a energia desperdiçada em pequenos dissabores, que não significam nada diante da magnitude do mundo, da grandeza da vida.
Como é fácil ser mesquinho e se perder do caminho da felicidade.
A beleza do mundo é inebriante e nem conhecemos tudo o que há nele, nem jamais conheceremos, pois nossa vida é breve demais para isto...
É um grande privilégio estar viva, sentindo emoções, sentindo palpitar o coração, transpirando, extasiada com este espetáculo ao meu redor!
A vida é o agora, o passado já não importa, já não existe mais... E o futuro será o quer quisermos fazer dele. Quanto poder temos, afinal.
Preciso lembrar-me deste instante todos os dias.
Quero extrair todo sumo da vida, o melhor néctar, doce, forte, despejando o amargo bem longe de mim.
Quero viver loucamente o melhor de tudo, rir, chorar, com a facilidade de uma criança, com o fôlego e curiosidade de uma criança que descobre o mundo a cada segundo e não se cansa de se divertir, de brincar... Até, vencida, cair no sono sem perceber...
Quero ver o dia sempre ensolarado assim, e quente, mesmo quando cair a chuva e fizer frio: no meu coração sempre será tempo bom para viver!
Vou deixar, no fim de tudo (como fala o poema que tanto adoro), o meu “casulo” vazio... Para que, quando a morte enfim me encontrar, apenas possa levar o meu corpo (ou o que restar dele), pois o meu espírito, minha alma, minha vida já estarão espalhados pelo mundo: pelos lugares onde passei, nas pessoas que amei, na flor que admirei, no mar em que me banhei, nas músicas que ouvi, nas coisas que escrevi, no bem que fiz para alguém...”.
Mariana L. de L. Carneiro
Viagem de avião – Brasília-POA, em 29/08/2010. Num lindo dia de sol.
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