Este texto foi escrito originalmente em 14 de outubro de 1996 e foi lido na rádio Guaíba, como Abertura de Jornada, pelo radialista Haroldo Souza, em Porto Alegre/RS.
Agora, que consegui assimilar melhor a perda de um compositor, cantor e de uma pessoa admirável pela personalidade e sensibilidade, que muito gostava, tentarei transmitir o que penso a respeito:
Há muito pouco tempo atrás, deparei-me com o terror da minha geração: a AIDS, um mal que abalou e exterminou pessoas como CAZUZA e, há poucos dias, RENATO RUSSO.
Não sei por que os melhores compositores da minha era não esperaram um pouco mais...Talvez, porque não agüentassem mais tanta hipocrisia, desrespeito, preconceito e violência.
Se “os bons morrem antes”, ou “cedo demais”, como cantou Renato, como nós, tão comuns mortais poderemos crescer e melhorar? Será que é só quando damos de cara com a morte ali, definitiva, inexplicável e fria que paramos para pensar?
Se “os bons morrem antes”, ou “cedo demais”, como cantou Renato, como nós, tão comuns mortais poderemos crescer e melhorar? Será que é só quando damos de cara com a morte ali, definitiva, inexplicável e fria que paramos para pensar?
Sei que, antigamente, as pessoas não reagiam diante dos fatos, agora sinto que elas nem agem mais. Contudo, a sociedade permanece hipócrita, só que está mais perigosa: além das drogas temos que aprender a lidar com essa verdadeira peste e grave armadilha, que é a AIDS.
Será que nós, jovens, os filhos dos hippies, somos de fato mais felizes por usufruirmos da chamada “liberdade” sexual? E que liberdade é esta que mata e obriga a todos temerem, dia-a-dia, a morte? Até que ponto somos mesmo livres?
Eu penso que quando meus pais eram jovens, apesar de todos os problemas da época (final década de 60, anos 70), era muito mais seguro viver. Parece que não estamos preparados para enfrentar tanta liberdade.
Nos tempos dos Beatles e dos Rolling Stones, as drogas tinham um ar de rebeldia, romantismo e até de glamour. Infelizmente, hoje elas ocupam um lugar bem diferente, são sinônimos de fraqueza, violência e doença. Além do que, estão mais tóxicas, viciantes e destrutivas do que nunca; O seu uso fomenta um negócio milionário que é o Narcotráfico e patrocina a violência armada de que todos somos alvos e vítimas.
É tão normal as pessoas possuírem algum tipo de dependência química (álcool, cigarro, calmantes, além as drogas ilícitas: crack, cocaína, maconha, etc), que fica até difícil comentar a respeito.
As drogas sempre existiram e as pessoas sempre as usaram. Mas atualmente parece que se transformaram em necessidade, como um escudo para enfrentar a vida ou como um antídoto para se alienar de uma sociedade cruel, impiedosa, injusta.
Bem, não sei o que irá acontecer conosco...Tenho ouvido por aí que esta “onda” de drogas e AIDS é fruto da falta de perspectivas e coragem, devido até mesmo ao medo que nos assola e por isto nós - a “juventude transfigurada” - está MORRENDO e se aprisionando cada vez mais.
Mariana Lourenço de Lima Carneiro, aos 17 anos.
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