sábado, 13 de novembro de 2010

Textos de Carlos Newlands - Poesias, poemas e crônicas

O Carlos é meu primo, escritor talentoso, sensível, com diversos livros de poesias publicados.

Selecionei alguns textos dele aqui...Alguns escritos em minha homenagem, o que muito me honrou.

Poesia 1: Saindo do Armário

Devagar, ao sabor do ar
Ela vai desabrochando
E no papel colocando
Suas escritas
Ora bonitas,
Ora realistas.
Esta é única.
A minha Prima,
E isto deu uma bela rima!

Poesia 2


Você que é meiga e forte
Que tem porte de uma escritora florescendo.
Adormecida estavas.
E agora,
Aos borbotões,
Colocas no papel
O que transpiras em teus poros.

Carlos Newlands /Nov. 2010


Poesia 3: Acido

Tudo o que corrói
Dói.
A cicatriz no coração
Abre um corte
Profundo
E escorre direto
Ao fundo
Da alma,
Que chora
A dor do amor que se foi.

Crônica 1: Palavras
Muitas palavras são ditas e ficam perdidas no ar como que vagando num limbo próprio.
Aquele estágio entre as palavras que a gente ouve e guarda dentro de si e aquelas outras que jamais alcançarão seu destino.
Palavras são instrumentos extremamente fortes, pois, podem tanto destruir como enaltecer.
A maioria delas são ditas sem a gente pensar e acabam causando um mal estar.

Como seria bom se pudéssemos filtrar o que dizemos.
Se houvesse um crivo, um censor interior que não as deixasse sair livremente da boca.
Palavras doem quando ditas importunamente.
Palavras causam alegria, amor e satisfação quando são proferidas de maneira adequada.
Por vezes até podemos dizer algo que nos incomoda de uma maneira mais branda e que não deixaria com que a palavra atingisse seu alvo e causasse danos irreparáveis.

Mas, como somos todos, seres extremamente passionais e não nos importamos em dizer algo que possa ferir outrem a palavra acaba sendo um projétil.
Certamente também não sei dizer somente boas palavras.
Pertencente que sou a raça humana, portanto falível.

Cada vez que ouço ou profiro uma “palavra petardo” sou assolado por um sentimento de tristeza incomensurável, eu diria mesmo arrasador.
Consultamos médicos psiquiatras, oramos, lemos os livros que falam de como devemos tratar as pessoas, porém, sem que saibamos bem como e nem porque incorremos no erro fatal e fazemos da palavra uma arma.
Que DEUS tenha dó e nos deixe mudos quando só tivermos palavras ruins para proferirmos.


Poesia 4: Um dia

Uma noite
Um novo encontro
Pra se falar de dois
Pra se dizer a dois
Quem sabe
Um dia
Depois de outro dia
Pra se fazer a dois.


Poema 1: Sonhos usados
 
Sonhamos como uma vida
Melhor.
Cheia de felicidade, amor e prosperidade.
Nossos sonhos são criados, arquitetados e
Tentados serem postos em prática.

Um dia, depois de tentarmos fazer de nossos
Sonhos uma verdade,
Deparamos-nos com a dura realidade

Sonhos são utopias que usamos para
Mascarar a realidade.

Então os abandonamos frustrados e com
Um forte sentimento de que eles agora são apenas
Sonhos usados.


Crônica 2: A Raiva e a Mágoa

Num certo anoitecer de outubro duas velhas conhecidas se encontraram.

Uma tinha em seu âmago o poder destrutivo do pensamento impensado.
Suas entranhas viviam em constante turbulência e, cada vez que por sua boca palavras eram vomitadas um mal-estar instala-se em todo o ambiente.
Amarga, a Raiva não vivia, ela apenas nutria um dissabor por ela mesma e por toda a humanidade.
Senhora do verbo ferino ela arrastava-se como uma cobra venenosa semeando a discórdia, fomentando a dor e maldizendo a vida.
Já havia morrido faz muitos séculos, porém, teimosa que era recusava-se se dar por vencida.
Cada vez que ela se instalava dentro de algum ser este ficava tomado por um estranho e destrutivo sentimento e isto o levava a um único intuito: causar a dor.

A outra tinha em si o estigma dos mal amados.
Dentro de si só conseguia produzir o fel acido daqueles que nunca conheceram o amor e, assim sendo, jamais conseguiria ver o mundo de uma maneira colorida.
Triste e solitária, a Mágoa vivia só. Enclausurada dentro da masmorra que ela própria construíra e jamais encontraria a saída.
Vagava pelos corações fragilizados provocando um caos de lágrimas e dor.

Pobres de espírito e inseparáveis, lá iam as duas como velhas bruxas do apocalipse.
Ventais de tudo o que é de ruim e crentes de que a razão era sua certeza elas, como espíritos borrados de negro, flutuavam pelo espaço em busca de incautas vítimas onde pudessem fazer o seu putrefato ninho.

Infelizmente estas duas velhas conhecidas dificilmente serão erradicadas da face da terra, pois, sempre haverão pessoas sintonizadas em suas faixas de baixo nível fazendo com que elas atravessem os tempos deixando sua trilha de dissabores.

Carlos Newlands

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